Diário de um Escritor

Era uma noite escura e tempestuosa. De repente, um tiro ressoou. Uma porta bateu. Uma mulher gritou. Por fim, numa epifania, eu lembrei que este é meu diário e não meu manuscrito. Tudo bem, esse início é bom em qualquer mídia. Além do mais, quando a fama e a fortuna finalmente baterem à minha porta, é bom perceberem que mesmo meus escritos mais informais eram tão imponentes quanto meus best-sellers.

Hoje, sem aviso algum, a luz simplesmente se apagou. Ouvi um grito desumano e potente que, na verdade, saía da minha própria garganta. Isso porque eu já estava escrevendo por uma hora e não ainda tinha salvado. Nada me restava, a não ser correr, incandescer uma vela e tentar escrever no papel o máximo que eu conseguisse me lembrar. Mas tenho certeza de que perdi algumas preciosas pérolas nesse processo. Maldita companhia elétrica, acham que têm o direito de fazer o que quiserem só porque tenho meia dúzia de contas atrasadas. O lado positivo de tudo isso é que consegui passar um tempo longe do TvTropes.

A água, pelo menos, ainda tenho. Afinal, não há coisa mais importante do que este líquido claro e sem gosto, pois sem ele não seria capaz de executar o cuidadoso processo de gotejamento e filtragem para se tornar um líquido preto, amargo e ainda mais importante: o café. Não há como passar uma noite escrevendo sem consumir a sagrada cafeína.

Aliás, eu preciso de um cigarro. O último foi consumido ontem pelas chamas e depositou a fumaça nos meus pulmões logo depois de eu ter recebido minha trigésima carta de rejeição. Pelo menos se deram ao trabalho de informar que não aceitaram meu manuscrito. Um dia, esses editores um se arrepender de terem me rejeitado. Quando virem meu romance em todas as livrarias, perceberão que perderam uma grande oportunidade.

Então, eu notei que não sei como terminar este texto. Bateu um baita bloqueio criativo. Então vou usar um pouco de suspense e deixar o final no ar – que sempre traz uma possibilidade para uma sequência. O que será que acontece agora…

Diário de um Hipster

Querido diário de papel reciclado que comprei de um vendedor de artesanato maconheiro, estou aqui na Starbucks tomando um Frappuccino enquanto vejo vídeos de gatinhos no meu Macbook de última geração. Hoje o dia não está sendo fácil, meu iPhone 7SCG++ esquentou e travou pela milésima vez, então nem consegui postar as fotos do céu em tons de sépia no Instagram. #chateado

Anyway, tirando isso, eu estou muito contente com minhas novas aquisições de roupas e acessórios usados! Duas cores novas de Crocs, um Wayfarer preto, um pulôver, um relógio do Mickey e uma calça skinny 36 – em breve espero usar uma 34 se eu perder mais uns quilos nessa minha nova dieta vegan!

Também tô bem ansioso pro Lollapalooza mês que vem! Haters gonna hate, mas o Lolla é muito melhor que a bosta mainstream do Rock in Rio... onde já se viu ir num festival com Ivete Sangalo e Jota Quest? O Lolla é foda, vai ter Arcade Fire e Lorde. E antes que falem algo, eu já gostava da Lorde antes de ela ser famosa. #MusicIsMyLife

Amanhã vou na Augusta, vai ter um esquenta do Lolla no Beco e várias meninas lindas de cabelo meio raspado, adoro essa moda Skrillex. Quero muito dançar uns sons bacanas dos Arctic Monkeys e até danço um Chico Buarque se tocar. #OldButGold

Bom, é isso, vou pra casa agora abrir uma Heineken, falar com a galera no Twitter e atualizar meu Tumblr com gifs do 500 Days of Summer e do Tarantino. Se der tempo, ainda ouço uns vinis do Simon & Garfunkel na vitrola e leio um pouco do velho Buk. #gênio


#AtéMais #SeeYa #Adeus

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